São Paulo nos escreve: “Caritas Christi urget nos” (O amor de Cristo nos constrange – 2 Cor 2,14). A espiritualidade vivida nos impulsiona à ação; o chamado de Deus deve nos levar a dar uma resposta; a adoração a Deus nos conduz à missão. Nessa carta, queremos refletir sobre a missão da Igreja no mundo e a missão de cada um de nós.
Assim como Cristo foi enviado pelo Pai, Ele “soprou” o Espírito Santo sobre os apóstolos e os comissionou a irem por todo o mundo para anunciar a Boa Nova (cf. Jo 20,22; Mc 16,15). O Espírito Santo não apenas acompanha a Igreja em sua missão, mas é o principal agente que a santifica. Ele atua nos corações, transformando-os, e age no mundo por meio de Sua graça incompreensível.
A Eucaristia é a fonte da missão da Igreja, pois a missão tem sua origem no encontro com o Cristo vivo. Quem verdadeiramente encontra Cristo não pode guardar essa experiência só para si; sente a necessidade de compartilhá-la com os outros. A Eucaristia nutre a missão, mas ao mesmo tempo, é seu próprio objetivo: levar todas as pessoas a uma experiência pessoal do encontro com o Cristo vivo. A Eucaristia deve ser o núcleo de todo projeto missionário. A Igreja, composta por partes visíveis e invisíveis, edifica-se e vive por meio da Eucaristia. Os fiéis que comungam recebem Cristo e, por essa união com Jesus, Ele nos concede o Espírito Santo. Pela força do Espírito Santo, somos enviados à missão, participando assim da missão de Cristo. Portanto, é fundamental entender que nossa atividade na missão é preparar e colaborar para que, pela ação do Espírito Santo, as pessoas sejam conduzidas a Jesus. Na missão, somos “embaixadores de Cristo e, por nosso intermédio, é Deus quem vos exorta” (2 Cor 5,20), embora seja Deus quem realize a maior parte da ação sem que nós percebamos.
A missão do apóstolo pode ser comparada ao homem que, em uma cidade cercada pelo inimigo e à beira da sede, descobre uma fonte de água subterrânea que pode salvar seus irmãos. A água está lá, mas alguém precisa mostrar o caminho até ela. Hoje, muitos clamam desesperadamente: “Salvem-me!” Como cristãos, como podemos viver apenas para nós mesmos, quando possuímos as águas vivas que proporcionam a vida eterna? A vida de inúmeras almas depende do cristão: de seu exemplo, de sua confissão de fé, mas acima de tudo, de sua entrega e intimidade com Deus.
