O Papa João Paulo II, em sua carta Mane nobiscum Domine (nn. 19-22), chama a Eucaristia de “Fonte e Epifania (manifestação) de Comunhão”.
A Eucaristia é um encontro: compartilhar é olhar, tocar, dialogar, compreender e permanecer no outro com amor de amigos.
A Eucaristia inclui uma dimensão profundamente pessoal. Para evitar a despersonalização da Eucaristia, o Papa João Paulo II enfatiza um encontro pessoal com JESUS na Eucaristia: Na comunhão eucarística, ocorre o estar um no outro, a habitação mútua de CRISTO e do discípulo. De fato, nosso Senhor instituiu a Eucaristia na intimidade da Última Ceia como Seu presente pessoal de amor para Seus amigos.
O homem como pessoa é um ser criado para a comunhão por meio das relações pessoais. A comunhão ocorre por meio da doação mútua e da receptividade de si mesmo. Do “eu” e do “tu” surge o “nós”. O “eu” em relação ao “tu” descobre uma plenitude do ser que supera a solidão e entra em uma comunhão efetiva.
A palavra comunhão se refere a uma união pessoal. Em princípio, trata-se da comunhão de DEUS no mistério trinitário, mas essa comunhão divina se estende às criaturas por JESUS CRISTO no ESPÍRITO SANTO. Ao se dar gratuitamente ou por graça, DEUS torna possível a comunhão com Ele e, a partir daí, torna-se possível um novo tipo de comunhão entre os seres humanos.
O Senhor diz: “Quem come a Minha Carne e bebe o Meu Sangue permanece em Mim e Eu nele. Assim como o PAI, que Me enviou, vive, e Eu vivo pelo PAI, também aquele que comer a Minha carne viverá por Mim” (Jo 6,56-57). Através de CRISTO, que vive pelo PAI, somos introduzidos ao mais profundo mistério de DEUS, que é a comunhão de amor, uma união perfeita na TRINDADE. O homem participa da intimidade entre JESUS e Seu PAI.
Existe uma diferença ao dizer: “estar aqui” ou “estar aqui para alguém”. JESUS está aqui para nós. Se Ele está aqui para mim, isso requer minha atenção, e assim nos tornamos Seus amigos pela Eucaristia. Certa vez, uma religiosa finalizou uma carta de despedida com as palavras: “Nos veremos na Eucaristia”. Ela tem seu encontro diário com JESUS na Eucaristia, e por meio desse encontro, também se encontra com seus entes queridos na adoração. O olhar dela para DEUS na Eucaristia se torna uma participação do olhar Dele. Em JESUS, podemos ver todos os nossos amigos, inclusive com seus Anjos da Guarda.
Uma harmonia perfeita
Quando imaginamos uma orquestra com muitos instrumentos, cada um com suas próprias características, seu próprio tom, entendemos que ao tocarem juntos, poderíamos descobrir milhões de variações de harmonia. Assim como, ao misturar diferentes cores, podemos produzir milhões de tonalidades diferentes. Quando pensamos no corpo humano, com suas diversas funções e a necessidade de colaboração entre os diferentes membros, vemos como a mão não pode dizer que não precisa dos olhos para trabalhar, ou que precisa dos pés para caminhar. Tudo funciona harmonicamente em uma natureza tão complexa.
Da mesma forma, quando observamos várias pessoas trabalhando juntas em uma mesma obra, exercendo diferentes ofícios, vemos como uma obra maravilhosa é alcançada, onde cada um, com seus dons, contribui para o todo. Mas a Igreja é bastante diferente, pois sua alma é o mesmo ESPÍRITO SANTO que dirige tudo e constrói a Igreja. O ESPÍRITO de CRISTO é dado principalmente pela Santa Eucaristia.
Quando uma comunidade pratica a caridade fraterna por meio das diferentes formas de amor, seja com os pobres ou com os doentes, podemos imaginar uma vida de caridade fecunda que edificará toda a Igreja. E nem podemos sequer imaginar os coros dos Anjos, que, em uma comunhão perfeita e sob a direção do ESPÍRITO SANTO, harmonizarão todo o universo. Nem mesmo podemos imaginar a hora em que CRISTO “unirá em Si todas as coisas” (cf. Ef 1, 10). Que belo será contemplar um universo perfeito, onde DEUS se fez tudo para todos, onde Ele estará presente em todas as coisas!
