Ama teu Santo Anjo, sê-lhe grato!

Hoje, na memória dos Santos Anjos da Guarda, a Santa Igreja nos recorda da existência destes seres celestiais e pessoais, cujo poder de intercessão por nós junto ao trono de Deus, ultrapassa o poder de sua natureza angélica.

A memória dos Santos Anjos da Guarda deve fazer-nos recordar do grande auxílio que Deus nos deu ao colocar ao nosso lado uma criatura de natureza tão elevada e, ao mesmo tempo, de coração tão ardente de zelo para servi-Lo. A bela realidade do Anjo da Guarda pessoal encontramos no catecismo da Igreja Católica:

336 – “Desde o início até a morte, a vida humana é cercada por sua proteção e por sua intercessão. ‘Cada fiel é ladeado por um anjo como protetor e pastor para conduzi-lo à vida.’ Ainda aqui na terra, a vida cristã participa na fé da sociedade bem-aventurada dos anjos e dos homens, unidos em Deus.

Deus em sua onipotência, poderia ter feito diferente. Não precisava ter colocado um Anjo pessoal para cada fiel, poderia ter colocado apenas um Santo Anjo para cuidar e guardar várias pessoas, pois eles certamente possuem poder suficiente para isso. Tal capacidade atestamos no Anjo que guiou o povo Israelita na saída do Egito, protegendo-os contra o exército do Faraó[1]. Mas Deus, em sua sabedoria, não quis assim, pelo contrário, quis que “cada fiel fosse ladeado por um anjo como protetor e pastor para conduzi-lo à vida.

A resposta para essa relação desejada por Deus, entre nós e nosso Santo Anjo da Guarda, se encontra no princípio de tudo, no gêneses da criação, quando Ele diz: “Não é bom que o homem esteja só. Vou fazer-lhe um auxiliar que lhe corresponda[2]”. Mesmo que o contexto siga com a criação de Eva, tudo que Deus exprime possui um sentido mais profundo. Ele não fez suas criaturas para estarem a sós, mas para que estejam em relação umas com as outras e, acima de tudo, relação com Ele mesmo. É nessa dinâmica amorosa de Deus, que se insere a realidade do nosso Santo Anjo da Guarda pessoal: um auxiliar que me corresponda.

Essa correspondência intrínseca entre nós e nosso Anjo da Guarda é algo extremamente consolador, pois nos abre para a compreensão de que, eu e meu Santo Anjo, formamos uma unidade aos olhos de Deus. Deus ao olhar para nós vê o nosso Santo Anjo da Guarda e quando olha para o nosso Anjo da Guarda nos vê, pois, em sua natureza divina, Deus vê o todo e não só a parte.

Contudo, pelo pecado, assim como fomos separados da relação unitiva de amor com Deus, fomos separados da relação com o Santo Anjo, isto é, tornou-se impossível sermos novamente essa unidade querida por Deus. Entretanto, em Jesus Cristo, o filho de Deus e Deus verdadeiro, houve uma nova criação, houve a recapitulação das criaturas, visto que Deus quis “reunir em CRISTO tudo o que existe no céu e na terra” (Ef 1,10) Deste modo, somos agora por meio de Cristo, unidos novamente e de maneira nova ao nosso Santo Anjo da Guarda.

Segundo o plano sábio de DEUS, a personalidade do Anjo da Guarda está perfeitamente sintonizada com a pessoa do seu protegido. DEUS o escolheu dentre milhões de Anjos a fim de que, com as suas características peculiares, seja semelhante ao seu protegido e o complemente, uma vez que ambos sejam unidos em santa fraternidade para o tempo e a eternidade.[3]

Assim como a união entre duas pessoas se fortalece por meio de um relacionar-se constante e consciente, partilhando vivências, alegrias e sofrimentos, do mesmo modo a nossa relação com o Santo Anjo da Guarda, que também é uma pessoa[4], deve manter-se e fortalecer-se através de uma vivência contínua e consciente da sua presença em nossa vida.

Dado que o nosso Santo Anjo da Guarda é uma pessoa, e não apenas qualquer pessoa, mas aquela que, depois do Senhor e de Sua Mãe, é mais próxima de nós, podemos e devemos construir uma relação pessoal com ele, amando-o e respeitando-o como um irmão e amigo. Porém, não se pode amar uma pessoa quando não se a conhece esta pessoa.[5]

Deste modo, busquemos sempre mais uma intimidade e uma relação forte com nosso Santo Anjo da Guarda e que se fixe em nossa consciência a sublime realidade que é: ter um Santo Anjo só para si, a fim de que cada vez mais possamos tornar-nos UM com ele em Cristo.

Por fim, sigamos com veemência o que nos exorta São Bernardo de Claraval a respeito dos Santos Anjos neste dia da memória destes nossos irmãos celestes:

Sejamos-lhes fiéis, sejamos gratos a tão grandes protetores;
paguemos-lhes com amor; honremo-los tanto quanto pudermos, quanto devemos.
Prestemos, no entanto, todo o nosso amor e nossa honra àquele que é tudo para nós e para eles;
de quem recebemos poder amar e honrar, de quem merecemos ser amados e honrados.[6]

 

[1] Cf. Ex 14, 19-20

[2] Cf. Gn 2, 18

[3] Primeira carta de formação ao Santo Anjo da Guarda da Obra dos Santos Anjos.

[4] Definição de Pessoa segundo S. Tomás: Substância individual de natureza racional. Isto é, uma pessoa é aquele ser individual com a capacidade de raciocinar e ter uma identidade única.

[5] Idem, 3.

[6] Sermão 12 in psalmum Qui habitat, 3. 6-8; segunda leitura do oficio das leituras da memória do Santo Anjo da Guarda.

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