O Santo Anjo e a fé

O Santo Anjo quer nos ensinar a viver da fé, pois esta faz as vezes da visão beatificante nesta vida. O justo vive pela fé, diz São Paulo (Rm 1,17), diz mais: “quanto a nós, é espiritualmente, da fé, que aguardamos a justiça esperada” (Gl 5,5). Diz que o que tem valor é “a fé que opera pela caridade” (Gl 5,6). Finalmente, diz que a fé é “fundamento da esperança” e “certeza a respeito do que não se vê” (Hb. 11,1), isto é, um testemunho interior das coisas invisíveis.

O Anjo quer-nos vivendo na fé e não na visão, mirando as coisas que se não veem e não as que são vistas pelos olhos corporais (2 Co 4,18 e 5,7). Quer que já vivamos nesta vida como pessoas que “veem” a Deus pela fé. Pois pela fé somos justificados e santificados (Ef 2,8) e essa é a tarefa do nosso custódio: que sejamos salvos e santos!

É verdade que viver assim exige certa disciplina: é preciso abster-se de algumas coisas e encher-se de outras. A mortificação dos sentidos, especialmente dos olhos e dos ouvidos é extremamente importante para viver na fé, abstendo-se de ver e ouvir tudo o que é pecaminoso e inútil. Assim, a imaginação vai sendo purificada. Por outro lado, é preciso cultivar esse precioso dom por meio de leituras espirituais, meditação das Escrituras, estudo do Catecismo, etc.

A imaginação então fornecerá material de qualidade para reflexão que por sua vez mostrará ao intelecto verdades seguríssimas de fé (O Santo Anjo poderá usar essas imagens para guiar e inspirar seu protegido).

Essas verdades, tornando-se familiares pela assídua meditação, passarão a ser algo muito simples: a própria presença, voz e olhar de Deus. É exatamente isso que nosso Santo Anjo, que contempla a face do Pai nos céus dia e noite, quer.

Passaremos a seguir o exemplo de Davi: “ponho sempre o Senhor diante dos olhos, pois ele está à minha direita; não vacilarei” (Sl 15,8). Davi fazia o que os padres do deserto chamavam de “lembrança contínua de Deus”. Também o de Santa Teresinha que escreve no Manuscrito B de História de uma Alma, dizendo ser ela como um passarinho que quer fixar o Sol Divino com audacioso abandono… Quando ela se distrai, simplesmente recomeça seu ofício de amor, invocando a ajuda dos Anjos e dos Santos.

Outro exemplo luminoso é o menos conhecido Irmão Lourenço da Ressurreição, carmelita do século XVII. Este passou sua vida constantemente lembrando-se de Deus e com ele tratando sem cessar, dia e noite, na capela ou na cozinha. Dizia ele que a vontade pode sempre querer voltar o pensamento para Deus. No fim de sua vida, após tantos anos da Prática da Presença de Deus (nome do livro com suas cartas em que ele explica seu “método”) ele ousava dizer que não cria mais, mas via

Os Santos Anjos nos querem vivendo assim: no nosso centro, naquele lugar onde reina o silêncio e cessam os bulícios dos sentidos. Quer-nos vivendo em Deus.

Isso é realmente árduo no princípio, mas eles, os Anjos, são justamente aqueles que nos ajudam, afastando distrações e influências malignas. Eles e, especialmente o bom Anjo que nos ladeia dia e noite, podem ser invocados sempre para que não permitam que os espíritos impuros atrapalhem nossa conexão com Jesus, que recebemos na Eucaristia e com a Trindade que mora em nós que vivemos na graça.

Deixo algumas poucas e simples dicas bem práticas para viver a vida na fé:

1 – Receber o Senhor na comunhão e na Palavra ouvida, lida, meditada e rezada.

2 – Confessar-se frequentemente.

3 – Cultivar o silêncio sempre que possível, ou seja, deixando a TV, o rádio, a internet e fazendo um passeio na natureza, em silêncio, por exemplo.

4 – Deixar o celular e as redes sociais, disciplinar o tempo gasto com essas coisas. Os smartphones e as redes sociais nos tiram de nosso centro e nos oferecem “mil e uma” distrações, acendendo desejos inúteis. É preciso muita disciplina para usá-los com proveito.

5 – Falar com Deus, com Maria e com o Santo Anjo sempre e sobre tudo: trabalho, família, amigos, encontros, necessidades, mas também sobre a evangelização do mundo, a conversão dos pecadores, a santificação do clero e das famílias… Os assuntos do Reino também devem ser de interesse para nós. Mudar o hábito quase insano de falar ansiosamente com nós mesmos para começar a falar com Deus.

E mais importante ainda: criar o hábito de ouvi-lo por meio do Anjo que nos acompanha, mas isso merece outro texto…

 

 

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