Sou uma religiosa e trabalho no Vale Paraíba, SP. Quero contar o seguinte fato que aconteceu há cinco anos. Foi quando conheci Miriam, uma jovem prostituta de 22 anos, com duas filhas, a mais velha com 10 anos e meio. Como trabalhamos também com prostitutas que desejam uma nova vida, Miriam pediu que a ajudássemos; disse que desejava voltar para a casa de seus familiares, no interior, mas a “gerente” lhe disse que se fizesse “tal burrice”, as meninas ficariam, pois significavam um ótimo investimento. Diante do impasse, conversamos sobre os Santos Anjos e combinamos que estaríamos confiando a eles a nossa causa.
Uns vinte dias depois, recebi um recado de Miriam: ela fora hospitalizada com uma forte cólica renal, mas já recebera alta hospitalar e estava decidida com a possibilidade de realizar seu desejo de deixar aquela vida e retornar à família; estava disposta a fugir, mas não o faria sem as filhas. Pediu-me que fosse até o local, oferecesse dinheiro e retirasse as meninas. Ela estava confiante que daria certo.
No dia seguinte, pela manhã, entreguei-me, mais uma vez, aos Santos Anjos e fui até o local. A “gerente” recebeu-me muito irada. Disse-me que eu ficaria no lugar da Miriam, em todos os sentidos; disse-me, ainda, que iria desnudar-me e se encarregar-se de mim até o “chefão” chegar. Algumas “garotas” se aproximaram e também uns três homens.
Ardentemente pedi ao Santo Anjo que me protegesse e rezasse comigo a oração do “Sanctus…” que rezamos na Santa Missa. Rezava em voz baixa e senti-me segura. A “gerente” tentou tocar-me, mas, a uma distância de uns vinte centímetros, mais ou menos, ela se sentiu presa, imóvel. Irritada, gritava que eu parasse de “falar aquilo”, pois “uma coisa” a estava segurando. Durante quarenta e cinco minutos, ela gritava, ameaçava, mas não conseguia mover-se. Foi quando chegou o socorro, e ela fugiu assustada, gritando que eu deveria parar de “falar aquilo”. Conseguimos, assim, retirar as crianças e entregá-las à mãe, ajudando-a para que retornassem aos seus familiares.